– O Brasil deveria se manter neutro na disputa entre os Estados Unidos e a China pela implantação da rede 5G e uma eventual decisão do governo brasileiro no sentido de retirar a chinesa Huawei desse processo implicaria em mais tempo para a implantação da tecnologia e em custos maiores e a conta acabará sendo paga pelo consumidor. A opinião é de Eduardo Tude, diretor da Teleco, empresa de consultoria especializada em telecomunicações.
Ao comentar a decisão do governo britânico, que anunciou o afastamento da Huawei do Reino Unido após sofrer pressões dos Estados Unidos, Eduardo Tude criticou a postura do governo americano e afirmou que “ao adotar pressões com motivação geopolítica contra a Huawei,o governo dos EUA está prejudicando a cadeia global de suprimento de redes e smartphones e pode levar a um fracionamento com aumento de custos para todos. O Brasil deveria se manter neutro nesta disputa”.
Na opinião do especialista, caso o governo brasileiro venha a optar pela não participação da Huawei na implantação da 5G no país, as operadoras brasileiras levarão mais tempo para realizar essa implantação e teriam custos mais elevados.
Segundo Eduardo Tude, “Huawei, Nokia e Ericsson são os principais fornecedores de redes 5G no mundo e participaram ativamente nas especificações desta tecnologia. As operadoras costumam trabalhar com dois fornecedores de rede e a existência de pelo menos três é o mínimo para garantir uma competição nos preços e pelos avanços tecnológicos. Sem a Huawei as operadoras brasileiras que já tem a companhia chinesa em sua rede preparada para 5G levariam mais tempo para implantar a tecnologia e teriam custos maiores. A conta vai acabar sendo paga pelo consumidor”.
Além de provocar o atraso na implantação da 5G no Brasil, uma eventual decisão de afastamento da Huawei também afetará as relações comerciais sino-brasileiras. Nesse aspecto, Eduardo Tude revela não ter dúvida de que “certamente o comércio entre os dois países será afetado” e para ele as consequências dessa decisão pelo governo brasileiro “são difíceis de serem previstas”.
Fonte:Comex do Brasil